Passeava dois cães enormes
pela estação de comboios
vi-a muitas vezes durante duas horas
e nunca mais a encontrei
Os olhos muito grandes não se reduziam a uma cor
tinham dos minerais a natureza indecifrável
não sei que preço teriam pago por essa beleza
sem intervalos
que representava contra nós
um mundo arcaico, desmedido
Não fazia tenção de embarcar
nem esperava noite após noite
a chegada de alguém
vi-a atravessar a longa estação em silêncio
como se apenas os abismos chamassem por si
dois cães enormes a seguiam
mas inocentes dessa imensidão
Autor : José Tolentino Mendonça
in “De igual para igual”, Assírio & Alvim, Lisboa, 2001
O que será feito dos cães? ( lol)
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