sábado, 7 de março de 2020

Entre as ondas e a bruma

O meu rumo é o que o mar quiser
De horizonte ausente
na penumbra silenciosa

atravesso madrugadas

sem fronteiras,
invento rumos, rotas e marés,
desfraldo as velas do sonho
e navego entre ondas de espuma

Deixo o meu mundo para trás
e dissolvo-me em místico nevoeiro,
pois sei que haverá um momento
em que me perderei na bruma,
o sol me queimará o rosto,
e alvas e alterosas ondas
serão nossos lençóis agitados
nas correntes loucas do desejo.

Nos lábios rubros da manhã,
molhados de sal e orvalho
haverá um impulso metafísico
de mergulhar neles num afago,
e neles voar como gaivota,
partindo livre e clandestino
até a um pôr-de-sol eterno…

Oiço-me então no meu silêncio!
Fecho os meus olhos de espanto.
E na avidez de tanto te amar,
descubro no imenso abismo azul
montes de páginas em branco
que haveremos de escrever
em bordados de espuma,
nos revoltos lençóis do oceano
com as cores da nossa paixão!...

Autor : Albino Santos

Imagem : Frank Melech

1 comentário:

  1. Bom dia:- Profundo, maravilhoso, sublime poema

    ~Feliz dia Internacional da mulher
    .
    Cumprimentos domingueiros

    ResponderEliminar

Agradeço muito o feedback .
Mas, não comente se não leu, e por favor não deixe copy-paste.
Saudações Poéticas e que a Poesia viva sempre entre nós.
Muito obrigada!