Quem me quiser há de saber as conchas
a cantiga dos búzios e do mar.
Quem me quiser há de saber as ondas
e a verde tentação de naufragar.
Quem me quiser há de saber as fontes,
a laranjeira em flor, a cor do feno,
a saudade lilás que há nos poentes,
o cheiro de maçãs que há no inverno.
Quem me quiser há de saber a chuva
que põe colares de pérolas nos ombros
há de saber os beijos e as uvas
há de saber as asas e os pombos.
Quem me quiser há de saber os medos
que passam nos abismos infinitos
a nudez clamorosa dos meus dedos
o salmo penitente dos meus gritos.
Quem me quiser há de saber a espuma
em que sou turbilhão, subitamente
– Ou então não saber a coisa nenhuma
e embalar-me ao peito, simplesmente.
Autor : Rosa Lobato de Faria
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