sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Da calma e do silêncio


Quando eu morder
a palavra,
por favor,
não me apressem,
quero mascar,
rasgar entre os dentes,
a pele, os ossos, o tutano
do verbo,
para assim versejar
o âmago das coisas.
.
Quando meu olhar
se perder no nada,
por favor,
não me despertem,
quero reter,
no adentro da íris,
a menor sombra,
do ínfimo movimento.
.
Quando meus pés
abrandarem na marcha,
por favor,
não me forcem.
.
Caminhar para quê?
Deixem-me quedar,
deixem-me quieta,
na aparente inércia.
.
Nem todo viandante
anda estradas,
há mundos submersos,
que só o silêncio
da poesia penetra.

Autor : Conceiçao Evaristo

1 comentário:

Agradeço muito o feedback .
Mas, não comente se não leu, e por favor não deixe copy-paste.
Saudações Poéticas e que a Poesia viva sempre entre nós.
Muito obrigada!