sexta-feira, 13 de abril de 2018

O que amamos está sempre longe de nós:

Cristina Fornarelli

O que amamos está sempre longe de nós:
e longe mesmo do que amamos - que não sabe
de onde vem, aonde vai nosso impulso de amor.

O que amamos está como a flor na semente,
entendido com medo e inquietude, talvez
só para em nossa morte estar durando sempre.

Como as ervas do chão, como as ondas do mar,
os acasos se vão cumprindo e vão cessando.
Mas, sem acaso, o amor límpido e exacto jaz.

Não necessita nada o que em si tudo ordena:
cuja tristeza unicamente pode ser
o equívoco do tempo, os jogos da cegueira

com setas negras na escuridão.

Autor : Cecília Meireles
in 'Solombra'

2 comentários:

  1. quando o tempo não é nosso,
    o amor é mais intenso.
    o vazio fica, assim, à mercê do ocupante:
    a sublimação da paixão.
    um beijo, amiga.

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Saudações Poéticas e que a Poesia viva sempre entre nós.
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