terça-feira, 3 de maio de 2016

Como é que eu,

Saul Landell

Como é que eu,
ouvindo tão mal, distingo
o teu andar desde o princípio do corredor?

Como é que eu,
vendo tão pouco, sei
que és tu chegas, conforme a luz?

Como é que eu,
de mãos tão ásperas, desenho
a tua cara mesmo tão longe dela?

Onde está
tudo o que sei de ti
sem nunca ter aprendido nada?

Serei ainda capaz
de descobrir a palavra
que larga o teu rasto na janela?

(Que seria de nós
se nos roubassem os pontos de interrogação?)


Autor: Mário Castrim

2 comentários:

  1. Teremos sempre pontos de interrogação. As incertezas assim o exigem. Lindo poema que adorei. Beijos com carinho

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  2. não o sabia poeta, além de cáustico crítico televisivo no extinto Diário de Lisboa.
    e que poema...

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