sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

"Difícil Amor"

 


Acordas líquido no teu sangue sobre meu sangue
de asas paradas
Acordas distante e próximo e cantas-me o cântico sem fundo
Cantar amigo inimigo cantar dobrado que desde a infância
escutei
E amo-te amo-te sem saber o objecto amado
Sem esquecer todo o óleo derramado em tuas mãos pesadas
De bens que não são os meus
E contudo tudo é amor incoerente e real e que se reconhece
Sem coragem de romper os linhos do amanhã
E não te amo não não se ama esta ferida de mistério
que se sente em já saudade de barro húmido
lavrando no beijo a secura da humilde pele
E eu sei o que é amar e ser amada meus olhos limpos
não dizem adeus.
E os deuses não esperam

Autor : Matilde Rosa Araújo, In "Voz Nua"
Imagem : Neyl lzytb

3 comentários:

brancas nuvens negras disse...

Bonito poema. Inspirador.

" R y k @ r d o " disse...

Doce fascínio poético.
.
Saudações amigas

Cidália Ferreira disse...

Gostei muito! :)
--
O que os meus olhos sentem...
*
Beijos, e bom fim de semana.