sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Tempo

Há um país antigo que se abriga em mim
um país de que não me lembro
senão de mim menina, uma língua
de sol e água que se cola à minha pele,
obstinadamente quer ser tempo em mim,
quer ser boca, procura a abertura,
escorre entre as fendas da memória,
como um pássaro de asas partidas.

Há um país que se abriga em mim
e eu procuro a voz do vento que o cante,
nessa harpa fria que é memória minha.

Autor : Maria João Cantinho
Foto: Kindra Nikole

2 comentários:

brancas nuvens negras disse...

As marcas, os vestígios das raízes, a voz da memória.

" R y k @ r d o " disse...

Foto e poema lindíssimos

Boim fim de semana