quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Carta de um náufrago



Com o consentimento da neve
caminharei devagar.

Alguém haverá à espera junto do fogo
e eu, que estarei cega pelo frio,
farei paragens breves
sacudirei o guarda-chuva e começarei de novo.

O único segredo é não sentir-se
imensamente cheio de verdades.
Não aceitar nunca os convites
que o nevoeiro
sugere ao fazer ninho com os seus disfarces
de paisagem feliz, de grandes sonhos.

Alguém haverá que diga, perdeu-se,
alguém sairá a procurar-me,
e levará o calor de uma garrafa
onde poderei mandar-te esta mensagem.

Autor AnaMerino
trad. joaquim manuel magalhães
Imagem : Rosie Hardy

2 comentários:

brancas nuvens negras disse...

A persistência é uma grande qualidade.

" R y k @ r d o " disse...

Elogiável inspiração e criatividade poética.
.
Abraço