terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Dies Irae

Leslie Ann O'Dell
Apetece cantar, mas ninguém canta.
Apetece chorar, mas ninguém chora.
Um fantasma levanta
A mão do medo sobre a nossa hora.

Apetece gritar, mas ninguém grita.
Apetece fugir, mas ninguém foge.
Um fantasma limita
Todo o futuro a este dia de hoje.

Apetece morrer, mas ninguém morre.
Apetece matar, mas ninguém mata.
Um fantasma percorre
Os motins onde a alma se arrebata.

Oh! maldição do tempo em que vivemos,
Sepultura de grades cinzeladas,
Que deixam ver a vida que não temos
E as angústias paradas!

Autor : Miguel Torga
in 'Cântico do Homem'

2 comentários:

  1. Muito interessante e oportuno este poema de Torga.
    Beijinho Beatrice.
    ~~~~~~~~~~~~~~

    ResponderEliminar
  2. há fantasmas a toda a hora...
    e o poeta vê-os.
    foi bom ler aqui o Torga.

    ResponderEliminar

Agradeço muito o feedback .
Mas, não comente se não leu, e por favor não deixe copy-paste.
Saudações Poéticas e que a Poesia viva sempre entre nós.
Muito obrigada!