domingo, 29 de junho de 2008

estou sozinho

estou sozinho de olhos abertos para a escuridão. estou sozinho.estou sozinho e nunca aprendi a estar sozinho. estou sozinho.sinto falta de palavras. estou sozinho. estou sozinho.sinto falta de uns olhos onde possa imaginar. estou sozinho.sinto falta de mim em mim. estou sozinho. estou sozinho.estou sozinho.
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Autor:José Luís Peixoto
In a criança em ruínas.
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Foto:Rysiek

domingo, 22 de junho de 2008

A poesia



A poesia é uma espécie de revolta das palavras que se insurgem no sentir. Percorrem-nos o corpo e sem querermos lá estão a espalhar-se no dizer , no pensar ou no agir. Confundo, vezes muitas, poesia com cor ou com desenho, e até com gestos, quando estes se transformam no verbo dar. Ando à procura do mecanismo que transmuta a palavra em algo vivo, com vontade própria que se precipita pela alma e pela pele. A poesia não se guarda, é um grito que nos acompanha nos caminhos. Vai de mão dada, à escuta, è espreita. A poesia não se escreve, nem se diz, nem se vê. Empurra-nos na vida e desenha-nos o sentir…
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Autor: @ almaro
August 31,2005
Foto Zaba-Ewa

sábado, 21 de junho de 2008



...pergunto se posso dizer o teu nome a uma flor

flor o teu nome sussurrado pétala a pétala

letra a letra uma flor desfolhada na terra...

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Autor:José Luís Peixoto

Foto: bilo

terça-feira, 10 de junho de 2008

II



Gosto de ti desesperadamente: dos teus cabelos de tarde onde mergulho o rosto, dos teus olhos de remanso onde me morro e descanso; dos teus seios de ambrósias, brancos manjares trementes com dois vermelhos morangos para as minhas alegrias;
de teu ventre - uma enseada - porto sem cais e sem mar - branca areia à espera da onda que em vaivém vai se espraiar; de teu quadris, instrumento de tantas curvas, convexo, de tuas coxas que lembram as brancas asas do sexo;
- do teu corpo só de alvuras - das infinitas ternuras de tuas mãos, que são ninhos de aconchegos e carinhos, mãos angorás, que parecem que só de carícias tecem esses desejos da gente...
Gosto de ti desesperadamente;
gosto de ti, toda, inteira nua, nua, bela, bela, dos teus cabelos de tarde aos teus pés de Cinderela, (há dois pássaros inquietos em teus pequeninos pés) - gosto de ti, feiticeira, tal como tu és...
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Autor:J.G.Araújo Jorge

domingo, 8 de junho de 2008

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Dois amantes felizes não têm fim nem morte,nascem e morrem tanta vez enquanto vivem,são eternos como é a natureza.

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Autor:Pablo Neruda